Fim do Horário de Verão: como esta mudança irá afetar sua saúde
O horário de verão sempre foi tema de muitas discussões entre os brasileiros. Uns apreciam, por considerar que o dia fica mais longo, dando tempo para outras atividades depois de um dia trabalho ou em período de férias. Já outros, não suportam levantar da cama uma hora mais cedo do que o habitual.
O fato é que, o horário de verão foi adotado pela primeira vez em 1931, no governo de Getúlio Vargas, e tem como objetivo a economia de energia. Números de 2017, apresentados pelo governo estimaram uma economia de R$ 157 milhões no consumo de eletricidade durante o horário de verão no Brasil.
Recentemente, através de um decreto, o presidente Jair Bolsonaro pôs fim ao horário de verão no Brasil, seguindo o desejo de 70% dos brasileiros. Números divulgados pelo Palácio do Planalto.
Segundo Bolsonaro, “as conclusões foram coincidentes: questão de economia, o horário de pico era mais pra 15h, então não tinha mais a razão de ser [da permanência do horário], não economizava mais energia; e na área de saúde, mesmo sendo uma hora apenas, mexia com o relógio biológico das pessoas”.
E este é o ponto que este artigo vai abordar: a saúde das pessoas. Como o horário de verão pode afetar o ciclo biológico do corpo? Trazendo sérios problemas do sono e de saúde.
Se você ainda não tinha pensado nisso, continue conosco, pois vamos apontar alguns problemas que uma noite de sono mal dormida pode trazer, e suas consequências.
O que é o relógio biológico a que o presidente Bolsonaro se refere?
Relógio biológico na verdade, tem outro nome: ciclo circadiano. Este ciclo regula as funções do nosso organismo. Pela manhã o corpo acorda para as tarefas diárias, e ao cair da noite, com a produção de melatonina, o organismo se prepara para dormir, e durante o sono se recuperar e obter todos os benefícios de uma noite bem dormida.
Qual o prejuízo para o corpo, de uma noite de sono mal dormida?
O corpo humano sofre com uma noite de sono mal dormida. Nosso organismo recebe uma carga de estímulos desde que acorda, com uma agenda diária atarefada, estímulos externos impactam diretamente na saúde do indivíduo. Se ainda colocarmos um outro ingrediente nesta conta, a alimentação inadequada, as chances de um colapso no organismo são altíssimas.
O Instituto Gallup dos Estados Unidos fez uma pesquisa, onde aponta que 40% da população dorme menos de 7 horas por noite. Se você se enquadra neste número, veja os riscos que o seu corpo está correndo:
Gripes e resfriados
Você já percebeu que fica resfriado com frequência? Ou que ainda, quando se aproxima de uma pessoa e ela tosse perto de você, e acha já acha que vai pegar gripe? Pois bem, isto pode estar relacionado a noites de sono mal dormidas.
Um estudo, publicado no Archives of Internal Medicine em 2009, demostrou que a causa de gripes ou ficar doente com frequência deve-se, entre outras causas, à falta de sono. Este estudo expôs um grupo de 153 pessoas ao vírus que causa a gripe comum. Aqueles que dormiram menos de sete horas por noite nas duas semanas anteriores apresentaram quase três vezes mais chances de ficarem doentes do que os participantes que haviam dormido oito horas ou mais.
Outro fator que também influencia é a qualidade do sono. Indivíduos que permaneceram 92% do tempo na cama, e claro, dormindo, tinham 5,5 vezes mais chances de ficar doentes do que as pessoas que dormiam 98% a 100% do período em que estavam deitadas.
Problemas gastrointestinais
Os sintomas da doença inflamatória intestinal (DII) podem piorar com uma noite de sono mal dormida. Pode também piorar o refluxo ácido e ainda aumentar o risco de desenvolver síndrome inflamatória intestinal.
Além disso, as pessoas que sofrem de doença de Crohn têm duas vezes mais chances de terem recaídas quando não dormem o suficiente. Essas descobertas foram publicadas no World Journal of Gastroenterology, em 2013.
Irritabilidade e alterações de humor
Pesquisadores descobriram que interrupções e distrações incomodam mais as pessoas quando elas não dormiram as horas que deveriam à noite. Isto quer dizer que, se dormir pouco as chances de acordar irritado com o humor lá embaixo, é quase certo.
Dores de cabeça e enxaquecas
Estudos já provaram a relação entre a melatonina e a enxaqueca. Pois após uma noite mal dormida, além da irritabilidade, dores de cabeça aparecem com frequência.
Crises de enxaqueca podem ser desencadeadas por dormir muito pouco, e entre 36% a 58% das pessoas com apneia do sono acordam com dores de cabeça, segundo estudos publicados na revista científica Headache em 2003 e 2005.
Dificuldade em aprender
A privação de sono interfere em nossa habilidade de lembrar e processar novas informações. Em muitos casos crianças acabam sendo tratadas por distúrbios de déficit de atenção (TDAH), porém a causa do problema pode ser outra. A falta de sono. Neste caso, recomenda-se um amplo estudo de cada caso para um diagnóstico e resolução do problema.
Dormir bem traz melhor aprendizado. Um estudo realizado com alunos entre 11 a 14 anos demonstrou que “atrasar o início das aulas em uma hora, das 7:30 para as 8:30, aumenta a média de notas em pelo menos 2 pontos porcentuais em matemática e em um ponto porcentual em leitura”. Estudos nesse sentido foram publicados nas revistas Nature Neuroscience, em 2000, e Education Next, em 2012.
Redução do desejo sexual
Se dormir bem traz benefícios para todo o organismo, e se o organismo está trabalhando de forma adequada, dormir horas suficientes é importante para a saúde sexual. Além de interferir no desejo sexual e na resposta genital, o sono também parece estar ligado ao número de relações com o parceiro.
Essas descobertas foram publicadas em vários periódicos científicos: American Journal of Obstetrics and Gynecology (2007), Behavioral Brain Research (2009), Journal of Sexual Medicine (2009), Sleep Medicine (2010) e Brain Research (2011).
Problemas de visão
Como já citado, a dificuldade em aprender pode estar relacionada com o TDAH, mas a privação de sono também tem relação com problemas como visão dupla, perda de visão periférica, visão obscura. Isto quer dizer que pode-se estar tratando de um problema de visão, onde a fonte pode estar relacionada à uma noite de sono mal dormida.
Quanto mais tempo se passa acordado, mais erros visuais a pessoa comete, e maiores as chances de alucinação, segundo estudo publicado no International Journal of Occupational Medicine and Environmental Health, em 2010.
Ganho de peso
Desequilíbrios hormonais, que causam cansaço e tendem a aumentar o apetite podem estar relacionados à indivíduos que têm uma qualidade e frequência ruins de sono. Diante disso, estes indivíduos apresentam uma vontade de comer alimentos calóricos, e menor capacidade de controlar impulsos.
Consequentemente, claro, aumento de peso. Esse efeito da falta de sono foi documentado nas revistas Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (2012), PLOS Medicine (2004), Nature Communications (2013) e PNAS (2013).
Conclusão
Você já havia parado para pensar que uma decisão presidencial pudesse afetar a sua saúde? Ainda mais falando sobre o horário de verão?
O corpo humano é uma máquina perfeita, complexa, repleta de conexões químicas e nervosas. A instabilidade entre estas conexões pode acarretar consequências seríssimas para todo esse sistema.
Para se ter uma boa saúde, é necessário um equilíbrio entre todos as partes do corpo. Mas também deve-se cuidar dos estímulos de fatores externos. Um dia repleto de tarefas estressantes, aliado a uma péssima noite de sono, com certeza vai refletir em sua saúde.
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